O Brasil é um país de extremos! Esta afirmação não é novidade mesmo
quando se trata de temas relacionados à alimentação infantil.
Enquanto debatemos assuntos como desnutrição, aprendizagem e suas
relações com a qualidade da merenda escolar, nossas crianças são bombardeadas
pelos refrigerantes, frituras e doces (alimentos de alto valor calórico e baixo
valor nutritivo).
De fato, a alimentação é muito mais
do que apenas nutrientes. É uma fonte de prazer que tem um significado próprio
para cada pessoa ou grupo, caracterizando parte de uma identidade
sócio-cultural.
Em nosso país, os hábitos alimentares dos povos indígenas, negros e
europeus estão se rendendo cada vez mais rápido à cultura fast-food, caracterizada pela rapidez, higiene, divisão do trabalho
e produção de alimentos padronizados e em série.
Quantas crianças têm abandonado a cultura alimentar brasileira e preferem
um fast-food a uma dieta regada de
frutas e vegetais?
A grande crítica sobre esses alimentos
constitui-se em seu alto valor calórico, associado ao aumento de doenças como
obesidade, hipertensão e diabetes, principalmente na população infantil.
Atitudes como a conciliação de
alimentos com lançamentos de brinquedos (a chamada “venda casada”) em seus
“lanches felizes” ou “lanches kids” (hipercalóricos, ricos em sal, gordura
saturada e açúcar) seriam capazes de promover o abandono da cultura alimentar
típica de regiões brasileiras em substituição a um modelo estadunidense baseado
em fast-food?
Não tenho dúvidas de que o consumo desses lanches (refrigerante,
batata-frita e hambúrguer, principalmente) é influenciada não propriamente
pelas qualidades do produto, mas sim pela associação aos brinquedos que o
acompanham, o que é algo no mínimo “estranho” ao processo alimentar.
Mas até que ponto comerciais que mostram a ida à lanchonete como uma
experiência feliz, idealizando “comida, família e diversão” afeta a formação
dessas crianças?
O fato é que a cultura fast-food
implantou-se no país em velocidade vertiginosa, transformando-se em cultura
alimentar tradicional.
Educar para comer bem e de forma saudável sem dúvidas constitui-se um
desafio para nós cidadãos, pais e professores, já que a alimentação é uma das
principais determinantes de uma vida saudável.
Conscientizar nossas crianças sobre o significado prático de uma
alimentação saudável é de extrema importância para estes indivíduos ainda em
processo de desenvolvimento da formação de conceitos tão importantes ao longo
da vida.
Citar este trabalho como: TROMBETE, F. M. Alimentação rápida, padronizada e feliz: um alerta à saúde de nossas crianças! Folha Azul, Rio de Janeiro, p.04 - 04, 2011.